Budismo Uma visão geral

Budismo
Uma visão geral
Quem não assistiu os filmes "Kundun" ou "O Pequeno Buda"? Quem não reparou que as livrarias estão exibindo em suas vitrines uma quantidade razoável de livros do ou sobre o Dalai Lama? Estes são sinais patentes do interesse que o budismo - em suas variadas formas - esta despertando no homem ocidental, não é à toa que o cantor e compositor Renato Russo numa de suas belas canções incluiu as famosas "Quatro Verdades Nobres" do budismo. Mas, afinal de contas, o que é o budismo?
Podemos afirmar que o budismo além de ser uma das mais importantes religiões do mundo, também é uma espécie de sistema ético e filosófico de caráter altamente humanista.
Ao contrário do hinduísmo, é possível fazer afirmações um pouco mais especificas exatas sobre suas origens. O fundador do budismo foi o jovem príncipe hindu Siddharta Gautama, também conhecido como Shakya Muni - provavelmente "Sábio dos Shakya" - que nasceu Kapilavasta ao Sul do Nepal por volta de 560 à 540 a.C. esse após vinte nove anos de reclusão no interior de seu palácio, depara-se no mundo exterior com a "velhice", a "doença" e a "morte"; fato que o leva a adotar a vida ascética dos monges hindus e dedicar-se ao estudo dos brâmanes. Entretanto, dotado de uma percepção aguçada e de um pragmatismo excepcional ele percebe que o hinduísmo e suas propostas estavam longe do alcance do homem comum, e, inicia sua busca solitária pela iluminação chamada bodhi à qual alcança - segundo os seus biógrafos - após meditar durante sete dias embaixo de uma figueira. Foi ali que ele recebeu a "revelação" das "quatro verdades nobres" em torno das quais gravitam todas as demais doutrinas budistas e que podem ser expressas da seguinte forma:

1 - A dor existe e não somente permeia a existência humana como a interpenetra.

2 - A origem da dor está no desejo - nas paixões - e em especial no desejo de livrar-se da dor.

3 - A dor somente cessa quando o homem consegue superar o desejo.

4 - Tal supressão só é possível se o homem viver moderadamente de conformidade com o nobre caminho octogonal: percepção correta; pensamento correto; fala correta; comportamento correto; meio de vida correto; esforço correto; atenção correta e concentração correta.
Aquele que viver segundo esse caminho, evoluirá gradativamente até poder alcançar o "nirvana" que seria uma espécie de extinção do eu consciente numa absorção final no Brahman, o "Todo". A lei do karma - segundo à qual as ações da vida presente determinarão a encarnação futura - e o samsâra - ciclo dos renascimentos - também encontram-se no budismo. A meditação - contemplativa - e determinados exercícios de cunho ascéticos - yoga - são práticas imprescindíveis no caminho da iluminação bem como moral e obras exemplares. Habitualmente classifica-se o budismo como religião humanista pois o centro de suas especulações é o homem e não Deus, pois Buda ensinava que especular sobre o divino era uma "futilidade", a deificação de Buda é um fenômeno do budismo tardio - tendo ocorrido por volta do 300 à 600 anos após sua morte - e não coaduna-se com os ensinos de Siddharta Gautama, o Buda.
De modo análogo ao hinduísmo, o budismo também encontra-se dividido em milhares de seitas ou "escolas", sendo a mais antiga e tradicional delas a chamada de Theravada - do sânscrito "Pequeno Veículo" - essa escola tem como escritos sagrados uma coletânea denominada "tripitaka" - do sânscrito "os três cestos" - que são três grupos de livros:

1 - Vinaya Pitaka: que versa sobre a autodisciplina;

2 - Sutta Pitaka: que versa sobre o ensino, ali foram transcritos os sermões e ensinos de Buda;

3 - Abdhamma Pitaka: este versa sobre a metafísica ou os fundamentos doutrinários do budismo Theravada.
Um dado interessante sobre esses escritos é que eles equivalem a aproximadamente onze vezes o volume da Bíblia Sagrada.
Uma outra escola budista de renome, é a Mahayana - do sânscrito: "Grande Veículo" - surgida por volta do II d.C. que tem como escritos sagrados uma quantidade inumerável de textos e advoga a doutrina dos Bodhisattvas, que seria alguém que adia a obtenção do próprio nirvana para auxiliar outros a alcançá-lo. Tal ensino tornou-se uma tônica numa outra escola budista oriunda do Mahayana e surgida na China entre os séculos VI e VII d.C. chamada de Zen-Budismo cuja origem é atribuída ao monge Bodhidharma, o zen não possui literatura sacra seus ensinos são transmitidos oralmente, a meditação é uma prática importante no zen e seu objetivo é alcançar a iluminação chamada por eles de "Satori" ou "Kensho". O "Lamaísmo" ou "Budismo Tibetano", que também está na moda do Ocidente nos últimos anos, surgiu no fim do século VII d.C. como uma amalgama de ensinos budistas/hindus e o ocultismo tibetano, seu líder espiritual é o Dalai-Lama considerado como a reencarnação do Bodhisattva Chenresi, "O Avalokita" portanto é adorado como tal.
Sem dúvida alguma a seita budista que goza de maior prestígio no Ocidente é "Budismo Nichiren Shoshu", conhecido no Japão como Soka Gakkai, fundada em 1930 por Makiguchi Tsunesaburo, tal grupo é altamente sincretista e possui um teor místico muito acentuado, eles acreditam ser uma revivescência dos ensinos Nichiren do século XIII d.C., seu culto gira em torno do Gohonzon uma caixa de madeira preta que contém nomes de pessoas importantes mencionadas no livro "Lótus Sutra" tido como a única obra onde estão escritos os verdadeiros ensinos de Buda. Uma outra seita budista em notável ascensão é a do "Budismo Terra Pura" que crê no poder soteriológico do Buda Amida - Buda da Luz Infinita - que introduzirá seus fiéis num paraíso celeste chamado de Terra Pura, ou Terra de Buda, pelo processo ascético denominado "Paramita" - "passar para outra margem".
O budismo conta hoje com cerca de 350.000.000 de adeptos no mundo inteiro.

Carlos Eduardo Bernardo
Pesquisador Sênior

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