O ministério contemporâneo de Jesus - A questão de 1844

O ministério contemporâneo de Jesus - A questão de 1844
Durante estes quase dois mil anos de história, todas as vertentes do cristianismo bíblico e ortodoxo, têm sido unânimes em afirmar, com muita base bíblica que somos salvos pelo sangue de Cristo Jesus vertido na cruz do Calvário e que a ressurreição de Nosso Senhor, testifica quanto ao fato de seu sacrifício ter sido aceito plenamente pelo Pai. Paulo chega a dizer que:

“Ele - Jesus - foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação”(Rm 4:25 NVI).
Isto significa que a obra expiatória e redentória pelo qual somos salvos foi concluída cabalmente por Jesus.

Entretanto há um movimento que insiste em auto-intitular-se cristão - bem como grupos oriundos deste – e nega esta verdade fundamental da fé cristã. Ensinam tal grupo que desde a ascensão até o ano de 1844 d.C. Jesus realizara apenas a primeira parte de Sua obra expiatória no santuário celestial, perdoando os pecadores arrependidos até que, na data mencionada, Ele iniciou a última etapa de sua obra expiatória que possuí um caráter de julgamento, denominada por eles de “Juízo Investigativo”. Uma exposição sucinta desta doutrina nos é fornecida numa literatura oficial desse movimento:

"Há um santuário no Céu, o verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. Nele Cristo ministra em nosso favor, tornando acessíveis aos crentes os benefícios de Seu sacrifício expiatório oferecido uma vez por todas, na cruz. Ele foi empossado como nosso grande Sumo Sacerdote e começou Seu ministério intercessório por ocasião de Sua ascensão. Em 1844, no fim do período profético dos 2.300 dias, Ele iniciou a segunda e última etapa de Seu ministério expiatório. É uma obra de juízo investigativo, a qual faz parte de eliminação final de todo o pecado, prefigurada pela purificação do antigo santuário hebraico, no Dia de Expiação”.[1]
Por meio dessa citação, toma-se claro que o grupo donde origina-se esta doutrina são os “Adventistas do Sétimo Dia”, todos os teólogos adventistas creem e ensinam tal doutrina e não apenas eles, mas, a mais proeminente personagem do adventismo, foi a principal responsável pela propagação deste ensino, Ellen Gould White:

Durante dezoito séculos este ministério prosseguiu no primeiro compartimento do santuário. O Sangue de Cristo assegurou perdão e aceitação diante do Pai em favor dos crentes arrependidos, embora seus pecados ainda permanecessem nos livros de registros. Como no serviço típico havia uma expiação ao fim do ano, assim antes que se complete a obra de Cristo em favor dos homens há também uma expiação para tirar o pecado do santuário. Este serviço começou quando terminaram os 2.300 dias... No tempo indicado o encerramento dos 2.300 dias em 1844 – começou a obra de investigação e apagamento dos pecados. Pecados de que não houve arrependimento e que não foram abandonados, não serão apagados dos livros de registro”.[2]
Aliás, este ensino não foi desenvolvido originalmente pela Sra. White, porém só oficializou-se no adventismo, após ter sido "confirmado" numa suposta visão que a Sra. White alegou ter recebido da parte do Senhor em fevereiro de 1845.

Muitas são as razões que levam-nos a rechaçar esta doutrina adventista, a seguir mencionaremos sucintamente algumas delas:
Não existe base para afirmar que ocorria uma transferência dos pecados do povo para o santuário - quer seja o terrestre ou o celeste - pois a palavra hebraica para expiação corrente no livro de Levítico capítulo 16, é “kipper”, que significa "encobrir". Inexiste qualquer noção de transferência neste vocábulo.
Este primeiro motivo, indica que os sacrifícios no AT não tinham como objetivo “transferir" ou "remover" pecados, mas, apenas "cobri-los", de forma temporária até que se manifestasse Cristo, como o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo.1:19)
Dizer que Deus em Cristo Jesus perdoa pecados, mas, não os apaga, carece de apoio bíblico, vista que no AT. já era afirmada a esperança imediata do perdão de pecados a seu conseqüente apagamento (cf. Sl. 51:1) e o próprio Deus Eterno é quem diz: "... ainda que os seus os vossos pecados são como a escarlate, eles se tomarão brancos como a neve;..." (Is 1:18). Para quem dúvida que Deus apague pecados ao perdoá-los confira o que Ele nos diz em Sua Palavra (Is.43:25). Se assim era no período vetero-testamentário, imagine atuação divina posterior ao sacrifício de Jesus, que nos garante que se: "...andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, se Filho, nos purifica - no presente - de todo pecado”.(I Jo.1:7)
O autor de aos Hebreus que escreveu por volta de 68 a 70 d.C. afirma que a obra de redenção estava completa quando Jesus assentou à direita do Pai, pois Ele assentou-se: "...Depois de ter feito a purificação dos pecados,..." (Hb 1.3).
Além destes motivos - que não são todos os que poderíamos citar - as Escrituras informam-nos que o atual ministério de Jesus, é de mediação, intercessão, e, não de juízo - Juízo investigativo - como querem nos convencer os adventistas, duas passagens bíblicas que lançam luzes sobre esta questão são Hb 7:25 e Rm 8:34, vejamos o que elas têm a nos informar sobre o assunto em pauta.
"Por isso ele é capaz de salvar definitivamente aqueles, que por meio dele, aproximam-se Deus, pois vive sempre para interceder por eles." (Hb 7:25)
Este frase foi construída, com o verbo grego "Interceder" no infinitivo, "eis to entugchanein" o que Indica que a Intercessão é o propósito pelo qual vive hoje o Senhor Jesus.
"Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós”.(Rm.8:34)
Paulo usa nesta frase o verbo "Interceder" no presente "entugchanoo", logo, a Intercessão é a atividade presente e continua do ministério contemporâneo de Jesus. Podemos dizer então que por causa da obra passada de Jesus é que os homens são salvos, enquanto que, Sua obra atual é que nos mantém salvos.

E uma pena que os adventistas, sejam tão zelosos para com os ensinos de seus teólogos e da Sra. White em especial, e, tão negligentes para com a Palavra de Deus e com a obra salvífica que Cristo realizou: “... tendo se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos,..." (Hb 9.28 ARA).

Graça e Paz, em Cristo Jesus!

Carlos Eduardo Bernardo
Pesquisador Sênior


Notas de rodapé
[1] “Nisto Cremos - 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia"; Casa Publicadora Brasileira, 1ª Edição, 1989, pág 407. Volta ao texto
[2] White, Ellen Gould. "0 Grande Conflito" (Edição Condensada.) Casa Publicadora Brasileira – 1ª Edição, 1992, págs. 250 c 288. Volta ao texto

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